segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Número de partos em menores de 14 anos aumenta em Roraima

Secretaria de Saúde de Roraima

Em comparação com o primeiro semestre do ano passado, em 2014 foram 5.127 nascimentos, contra 5.066 partos registrados. O número de partos em crianças e adolescentes com idade entre 10 e 14 anos aumentou 22%. Passou de 66 partos no ano de 2013, para 81 este ano. Por esta criança estar em uma fase de maturidade fisiológica, de formação, normalmente a gravidez nessa fase é considerada de risco.

Segundo a diretora-geral do HMI, Ana Carolina Brito, para evitar possíveis complicações mais graves, essas gestantes recebem acompanhamento multiprofissional, por uma equipe multiprofissional composta por enfermeiro, médico obstetra, médico pediatra, psicólogo e serviço social e em alguns casos é feito o complemento das ações com fisioterapia e fonoaudiologia. O objetivo é tentar amenizar as consequências clínicas e psicológicas que a gestação precoce acarreta. Também adota como regra, informar sobre os registros ao Conselho Tutelar e o Juizado da Infância e Adolescência.

Em alguns casos, o HMI oferece ainda serviços de fisioterapia e fonoaudiologia às gestantes que enfrentam dificuldades de adaptação com essa nova vivência familiar. "Muitas das vezes essas gestantes não sabem o que fazer, têm dificuldade de amamentar, e as atividades desenvolvidas pelos profissionais ajudam a fortalecer a amamentação e o vínculo afetivo, ou seja, durante toda a gestação, elas são orientadas sobre a importância do aleitamento materno, a alimentação saudável do bebê e como proceder para garantir o aleitamento nos primeiros anos de vida do bebê", salientou Ana.

Para a médica obstetra Cristiane Born, é preciso estar atento também para falta de maturidade fisiológica, o que reforça os cuidados em toda a gestação. "O organismo não está totalmente pronto, no aspecto hormonal, por isso considera-se uma gravidez de risco, em que estas mulheres estarão sujeitas a problemas de saúde durante e após a gestação, e que por isso precisam de cuidados ainda maiores e frequentes", complementou.

Conforme o psicólogo do HMI, Ed Luiz Chaves Bríglia, a gravidez na adolescência causa uma mudança muito abrupta, por isso o acompanhamento psicológico é fundamental. "É difícil para essas gestantes saírem do papel de filha para o de mãe, pois elas não possuem maturidade psicológica e emocional, para entender a transformação. Além disso, outro grande desafio é tentar conciliar essa mudança para que essa transformação cause o menor prejuízo possível, principalmente à saúde emocional e até mental dessa paciente. Além disso estudos mostram que uma mulher que é mãe muito cedo, acabará sendo referência para a filha que poderá também ser mãe muito jovem, o que não é positivo, pois demonstra uma instabilidade familiar", complementou.

DIÁLOGO

Segundo o psicólogo, não existe uma fórmula pronta para evitar a gravidez precoce, no entanto alguns cuidados e orientações podem ser iniciados o quanto antes. Na própria família é preciso estar atento aos primeiros sinais de mudanças físicas, comportamentais e até emocionais dos filhos, em especial as meninas.

Desta forma, no próprio seio familiar é possível iniciar diálogo sobre sexualidade precoce, desenvolvimento físico, gravidez na adolescência, prevenção à DSTs. "Trata-se de uma conversa franca, claro dentro dos padrões de entendimento do adolescente, de forma que possa entender mais sobre esses atos e as consequências e assim adquirir a maturidade familiar", reforçou.

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